DIÁLOGO COM O FILME “NÃO” DO DIRETOR CHILENO PABLO LARRAÍN
Dra. Ester Myriam Rojas Osorio - Líder GEB
Neste
trabalho dialogamos com o filme do Diretor Chileno, “NÂO”, espaço em que o
roteirista, baseado na obra dramática de Antônio Skármeta El Plebiscito, recria os bastidores do plebiscito que coloca fim na
ditadura do General Augusto Pinochet no ano 1988, no Chile.
Tentamos
desvendar a relação dialógica que nos entrega Larraín, responsável da obra
estética: com a realidade histórica do Chile; com historia pessoal do
protagonista, o jovem publicitário René Saavedra, executivo que tem como tarefa
liderar a campanha do “Não”.
Temos
presente que o diretor não só se vale dos enunciados escritos ou falados para
transmitir sua mensagem, vale se, também, das linguagens polifônicas próprias
da sétima arte: música, dança, jogo de luzes, documentais autênticos da TV da
época, cores, todos estes recursos ajudam despertar uma postura crítica do
espectador, que a sua vez faz a leitura interpretativa somando seu conhecimento
humano à relação com o mundo real em que vive.
O
filme lembra que o General Pinochet tinha governado com mão de ferro o país, há
15 anos. A ditadura tinha tido seu inicio o ano 1973, quando as forças armadas
chilenas, junto a uma elite burguesa, com apoio da imprensa, e, sobre tudo, da
CIA Americana, assumirem as diretrizes do governo chileno por meio de um
sangrento golpe militar.
O
diretor coloca seu foco no olhar do publicitário, recém-chegado do exílio,
profissional que entende que seu trabalho consiste em vender um produto. Seu
sucesso consiste em conseguir vender uma ideologia através dos símbolos:
alegria, felicidade, música, otimismo. Ou seja, consegue prometer um país mais
feliz sem Pinochet, é dizer: sem mais violações aos direitos humanos, sem ódio,
sem violência, sem medo. Essa alegria seria um renascer social.
Larraín,
já concedeu vozes a outros protagonistas para repassar a história vivida pelo
povo chileno sob a cruel ditadura de Pinochet. Em Tony Manero, filme Chileno-Brasileiro de 2008, quem vive os escuros
anos da ditadura (1978) é o psicótico, obsessivo e perturbado ator que quer ser
outro, que brilha nas discotecas do mundo, Tony Manero (John Travolta), que tem
sucesso, riqueza, consumo, ou seja, felicidade. Em Post Mortem, filmada em 2010, a voz fica a cargo de Mario Cornejo,
auxiliar forense que deve transcrever as autopsias durante o golpe militar,
entre elas, este auxiliar transcreve, sem nenhuma consciência, a autopsia do
falecido presidente Salvador Allende. Por estes três filmes (Tony Manero, Post Mortem e Não) O
diretor ganhou uma série de prêmios em festivais internacionais, inclusive, com
o Não concorreu ao Oscar como melhor
filme estrangeiro em 2012.
A
voz do artista grita e protesta, entre muitos outros gritos, pelo silenciamento
e perseguição que os artistas chilenos sofreram durante vinte anos.
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