quarta-feira, 1 de maio de 2013

Não - Filme Chileno - Discussões em reunião de 27/04/2013

Caros companheiros bakhtinianos, nosso grupo reuniu-se no  sábado dia 27 de abril e em proveitosa reunião discutimos em voz bakhtiniana o filme NÃO, finalista do Oscar 2013 e que retrata o fim da ditadura chilena. Postaremos aqui os primeiros resultados escritos do debate.


DIÁLOGO COM O FILME “NÃO” DO DIRETOR CHILENO PABLO LARRAÍN

Dra. Ester Myriam Rojas Osorio - Líder GEB



                Neste trabalho dialogamos com o filme do Diretor Chileno, “NÂO”, espaço em que o roteirista, baseado na obra dramática de Antônio Skármeta El Plebiscito, recria os bastidores do plebiscito que coloca fim na ditadura do General Augusto Pinochet no ano 1988, no Chile.

                Tentamos desvendar a relação dialógica que nos entrega Larraín, responsável da obra estética: com a realidade histórica do Chile; com historia pessoal do protagonista, o jovem publicitário René Saavedra, executivo que tem como tarefa liderar a campanha do “Não”.

                Temos presente que o diretor não só se vale dos enunciados escritos ou falados para transmitir sua mensagem, vale se, também, das linguagens polifônicas próprias da sétima arte: música, dança, jogo de luzes, documentais autênticos da TV da época, cores, todos estes recursos ajudam despertar uma postura crítica do espectador, que a sua vez faz a leitura interpretativa somando seu conhecimento humano à relação com o mundo real em que vive.

                O filme lembra que o General Pinochet tinha governado com mão de ferro o país, há 15 anos. A ditadura tinha tido seu inicio o ano 1973, quando as forças armadas chilenas, junto a uma elite burguesa, com apoio da imprensa, e, sobre tudo, da CIA Americana, assumirem as diretrizes do governo chileno por meio de um sangrento golpe militar.

                O diretor coloca seu foco no olhar do publicitário, recém-chegado do exílio, profissional que entende que seu trabalho consiste em vender um produto. Seu sucesso consiste em conseguir vender uma ideologia através dos símbolos: alegria, felicidade, música, otimismo. Ou seja, consegue prometer um país mais feliz sem Pinochet, é dizer: sem mais violações aos direitos humanos, sem ódio, sem violência, sem medo. Essa alegria seria um renascer social.

                Larraín, já concedeu vozes a outros protagonistas para repassar a história vivida pelo povo chileno sob a cruel ditadura de Pinochet. Em Tony Manero, filme Chileno-Brasileiro de 2008, quem vive os escuros anos da ditadura (1978) é o psicótico, obsessivo e perturbado ator que quer ser outro, que brilha nas discotecas do mundo, Tony Manero (John Travolta), que tem sucesso, riqueza, consumo, ou seja, felicidade. Em Post Mortem, filmada em 2010, a voz fica a cargo de Mario Cornejo, auxiliar forense que deve transcrever as autopsias durante o golpe militar, entre elas, este auxiliar transcreve, sem nenhuma consciência, a autopsia do falecido presidente Salvador Allende. Por estes três filmes (Tony Manero, Post Mortem e Não) O diretor ganhou uma série de prêmios em festivais internacionais, inclusive, com o Não concorreu ao Oscar como melhor filme estrangeiro em 2012.

                A voz do artista grita e protesta, entre muitos outros gritos, pelo silenciamento e perseguição que os artistas chilenos sofreram durante vinte anos. 

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