sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CITAÇÕES DE BAKHTIN

Seguem para conhecimento ou citações algumas das melhores ideias de Bakhtin em formas de metáforas, diretamente extraídas de suas obras.

“a consciência tornou-se o asylum ignorantiae de todo o edifício filosófico.” (Michail Bahktin,
Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979. p. 35);



“a consciência individual não é o arquiteto dessa superestrutura ideológica, mas apenas um
inquilino do edifício social dos signos ideológicos.” (IDEM, p. 36);



“Todas as manifestações da criação ideológica – todos os signos não verbais – banham-se no
discurso e não podem ser nem totalmente isoladas nem totalmente separadas dele.” (IDEM, p. 38);



“embora nenhum desses signos ideológicos seja substituível por palavras, cada um deles, ao mesmo tempo, se apóia nas palavras e é acompanhado por elas, exatamente como no caso do canto e de seu acompanhamento musical.” (IDEM, p. 38).



“o autor deve situar-se fora de si mesmo, viver a si mesmo num plano diferente daquele em que
vivemos efetivamente nossa vida; essa é a condição expressa para que ele possa completar-se até
formar um todo, graças a valores que são transcendentes à sua vida, vivida internamente, e que lhe
asseguram o acabamento.” (Michail Bahktin, Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 35);



“a exotopia é algo por conquistar e, na batalha, é mais comum perder a pele do que salvá-la,
sobretudo quando o herói é autobiográfico, embora esse não seja ao único caso: costuma ser tão
difícil situar-se fora daquele que é o companheiro do acontecimento quanto fora daquele que é o
adversário; tanto faz situar-se dentro do herói, ao seu lado ou à sua frente, todas estas são posições
que, do ponto de vista dos valores, desnaturam a visão e não contribuem para completar o herói e
assegurar-lhe o acabamento; em todos esses casos, os valores da vida triunfam sobre aqueles que
são seus depositários. A vida do herói é vivida pelo autor numa categoria de valores diferente
daquela que ele conhece em sua própria vida e na vida dos outros — participantes reais do
acontecimento ético aberto, singular e único, da existência —, é pensada num contexto de valores
absolutamente diferente.” (IDEM, p. 35);



“É a exotopia do autor, seu próprio apagamento amoroso fora do campo existencial do herói e o
afastamento de todas as coisas no intuito de deixar esse campo livre para o herói e para sua vida, é a compreensão que participa no acabamento do acontecimento da vida do herói, exercendo-se a partir do ponto de vista real-cognitivo e ético de um espectador que não toma parte no acontecimento.” (IDEM, p. 35)



“Essa atitude do autor vai subtrair o herói ao acontecimento, singular e único, da existência, o qual engloba o herói e o autor-homem, no qual o herói poderia situar-se ao lado do autor — quer como companheiro, à sua frente, quer como adversário, quer, afinal, no interior do autor, como ego —, vai subtrair o herói à solidariedade em comum e à responsabilidade coletiva e vai engendrá-lo, enquanto novo homem, num novo plano da existência, onde ele não poderia nascer por própria conta e pelas próprias forças, onde ele reveste uma carne nova que, para ele mesmo, não é substancial e não existe.” (IDEM, p. 34-35)