APRESENTAÇÃO
Com muita alegria apresento este novo trabalho, produto do esforço do Grupo de Estudos Bakhtiniano GEB/Assis, que atua desde o ano 2007, e que ano a ano contribui nas pesquisas, nesta área, através de participação em eventos, organização de colóquios e publicações. Neste ano de 2012 os artigos produzidos pelo grupo, expostos neste novo livro, se somam aos produzidos pelos alunos do curso de pós-graduação em Letras da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Assis, como resultado da disciplina ministrada, no primeiro semestre, por mim, A Poética Sociológica do Circulo de Bakhtin e os Estudos Culturais.
Nesse espaço acadêmico tivemos riquíssimos diálogos para tentar entender como a literatura, como expressão artística, teria a responsabilidade de refletir sobre a vida, e sobre o momento sócio-histórico. Para alcançar esse propósito ouvimos diferentes vozes como as que fazem, de alguma forma, coro com o conceito de Bakhtin de cultura, como um confronto de vozes.
Una cultura podría conceptuarse como el sistema de la totalidad de relaciones o comunicaciones establecida entre un grupo humano y el segmento de realidad que aquel define de manera peculiar y propia y cuya integración, varía, en grado diverso a lo largo de la historia. (CORDEU, 1970: p.68)
Este e outros autores concordam com Bakhtin, que a grande força que move o universo das práticas culturais são as posições socioavaliativas postas numa dinâmica de múltiplas interrelações responsivas, e, que o ato criativo envolve um complexo processo de transposição de recortes da vida para a arte; ou seja, o escritor é capaz de trabalhar numa linguagem enquanto permanece fora dessa linguagem; este deve se liberar da hegemonia de uma língua unitária como mito e se deixar vagar livremente pela heteroglossia (diversidade social de linguagens).
Outro diálogo interessante foi o estabelecido com A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: contexto de François Rabelais; este nos permitiu compreender o conceito de carnaval como manifestação popular que se contrapõe à cultura oficial, que teve seu início na crítica à Igreja Católica como institução mais poderosa dessa época. Mais tarde veríamos o carnaval como o grotesco, onde o elemento principal seria o corpo; onde se une alegria, festa e protesto. O carnaval até os dias de hoje oferece uma suspensão temporarária do proibido e tudo se transfere a um nível material (terra e corpo).
Outro tema importante que surgiu foi o diálogo entre carnavalização e dominação neocolonial, onde demos ênfase aos países de cultura profundamente mestiça, como a brasileira, e a de alguns países do continente africano. O carnaval, enfim, enfoca uma tensão social, critica o poder estabelecido e, muitas vezes, indica algum caminho de transformação social possível. Como expressa Stam (1992, p.54): "O artista de uma cultura dominada não pode ignorar a presença estrangeira; é preciso que dialogue com ela, que a engula e a recicle de acordo com objetivos nacionais".
Agradeço aos autores colaboradores que, com seu valioso apoio, tornam possível este trabalho, que é regido pelo coro de vozes que tem como grande regente o mestre Bakhtin.
Ester Myriam Rojas Osorio
Lider do GEB/Assis
Todo ato cultural se move numa atmosfera axiológica intensa de interdeterminações
responsivas, isto é, em todo ato cultural assume-se uma posição
valorativa frente a outras posições valorativas.
(FARACO, 2008: p. 38)
Com muita alegria apresento este novo trabalho, produto do esforço do Grupo de Estudos Bakhtiniano GEB/Assis, que atua desde o ano 2007, e que ano a ano contribui nas pesquisas, nesta área, através de participação em eventos, organização de colóquios e publicações. Neste ano de 2012 os artigos produzidos pelo grupo, expostos neste novo livro, se somam aos produzidos pelos alunos do curso de pós-graduação em Letras da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Assis, como resultado da disciplina ministrada, no primeiro semestre, por mim, A Poética Sociológica do Circulo de Bakhtin e os Estudos Culturais.
Nesse espaço acadêmico tivemos riquíssimos diálogos para tentar entender como a literatura, como expressão artística, teria a responsabilidade de refletir sobre a vida, e sobre o momento sócio-histórico. Para alcançar esse propósito ouvimos diferentes vozes como as que fazem, de alguma forma, coro com o conceito de Bakhtin de cultura, como um confronto de vozes.
Una cultura podría conceptuarse como el sistema de la totalidad de relaciones o comunicaciones establecida entre un grupo humano y el segmento de realidad que aquel define de manera peculiar y propia y cuya integración, varía, en grado diverso a lo largo de la historia. (CORDEU, 1970: p.68)
Este e outros autores concordam com Bakhtin, que a grande força que move o universo das práticas culturais são as posições socioavaliativas postas numa dinâmica de múltiplas interrelações responsivas, e, que o ato criativo envolve um complexo processo de transposição de recortes da vida para a arte; ou seja, o escritor é capaz de trabalhar numa linguagem enquanto permanece fora dessa linguagem; este deve se liberar da hegemonia de uma língua unitária como mito e se deixar vagar livremente pela heteroglossia (diversidade social de linguagens).
Outro diálogo interessante foi o estabelecido com A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: contexto de François Rabelais; este nos permitiu compreender o conceito de carnaval como manifestação popular que se contrapõe à cultura oficial, que teve seu início na crítica à Igreja Católica como institução mais poderosa dessa época. Mais tarde veríamos o carnaval como o grotesco, onde o elemento principal seria o corpo; onde se une alegria, festa e protesto. O carnaval até os dias de hoje oferece uma suspensão temporarária do proibido e tudo se transfere a um nível material (terra e corpo).
Outro tema importante que surgiu foi o diálogo entre carnavalização e dominação neocolonial, onde demos ênfase aos países de cultura profundamente mestiça, como a brasileira, e a de alguns países do continente africano. O carnaval, enfim, enfoca uma tensão social, critica o poder estabelecido e, muitas vezes, indica algum caminho de transformação social possível. Como expressa Stam (1992, p.54): "O artista de uma cultura dominada não pode ignorar a presença estrangeira; é preciso que dialogue com ela, que a engula e a recicle de acordo com objetivos nacionais".
Agradeço aos autores colaboradores que, com seu valioso apoio, tornam possível este trabalho, que é regido pelo coro de vozes que tem como grande regente o mestre Bakhtin.
Ester Myriam Rojas Osorio
Lider do GEB/Assis